Piscina das Marés – Símbolos de Leça da Palmeira

Piscina da Marés
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A Piscina das Marés é uma das obras emblemáticas de Leça da Palmeira e da sua marginal


Inaugurada em 1966, esta piscina esta classificada como Monumento Nacional desde 2011 e continua em atividade durante a época balnear.
A ideia de construção de uma piscina junto à praia de Leça da Palmeira surgiu ainda na década de 50 do século XX e fazia parte do projeto de tornar Leça da Palmeira um centro balnear de referência nacional.

Inicialmente era para ser pouco mais que um tanque de água que se encheria com o movimento das marés, mas acabou por ser uma obra de arte, com uma piscina para crianças e outra para adultos, balneários, vestiários e um bar.

Piscina das Marés do arquiteto Siza Vieira

Alguma da particularidade desta piscina está no nome do seu autor, o arquiteto Siza Vieira, o mais conceituado e premiado arquiteto português na atualidade, mas também merece destaque o facto de ser um dos melhores exemplos da denominada arquitetura orgânica em Portugal. Segundo esta linha arquitetónica, o edifício construído para além de procurar a satisfação dos interesses das pessoas, deve ter igualmente em consideração a sua integração no meio ambiente, na natureza.

O projeto de Siza Vieira aproveita as depressões naturais das rochas para implementar os «tanques de água salgada» fazendo com que as piscinas cheguem ao oceano e se misturem com outras formações naturais que existem nas praias de Leça da Palmeira.

Por outro lado, toda a estrutura é pensada paralelamente à marginal mas a uma cota inferior o que liberta a vista do mar, ou seja, permite a quem está em terra, na marginal, ter a linha de horizonte completamente desimpedida.

O acesso é pensado. Faz-se por uma rampa, com um inclinação não muito acentuada, mas que tapa o mar, para que quem a percorra não veja o mar mas o ouça. É uma experiência sensorial para quem estava na marginal e via a linha do horizonte e agora apenas o ouve.

Piscina das Marés

Após ultrapassar a rampa e saindo dos vestiários volta-se a ter uma visão do mar e as piscinas aparecem naturalmente. As rochas naturais estão espalhadas nas «paredes» das piscinas, de tal forma que estas se confundem com o oceano.

Os complexos de apoio marcam a presença e a ação do homem, visível nas cores mais claras, mas que em nada ferem o conjunto.

Por aquilo que representa, a Piscina das Marés merecia ter um maior destaque no itinerário dos Caminhos de Santiago, tal como outros edifícios que se situam na marginal leceira. Mas, pelo menos, os 50 anos da Piscina das Marés mereceram a publicação de um livro, com desenhos, fotografias e memórias, para além de textos do próprio Siza Vieira e de outros autores.


Joaquim Monteiro


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