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Iniciando-se esta semana o ano escolar tinha pensado escrever um artigo sobre este assunto. No entanto, fui abalado com uma notícia que me marcou muito. Por isso, optei por adiar o assunto das escolas e escrever sobre o António Soares.
O António Soares foi um homem que soube dedicar-se a Leça da Palmeira e era uma referência para todos aqueles que sentem esta cidade como sua.
Todos sabem que ele era militante de um partido político. Ele próprio nunca o escondeu, antes pelo contrário. Dentro do partido, era um militante de referência, um dos primeiros, do tempo do Sá Carneiro. Foram poucos os candidatos a um órgão concelhio do PSD que não conversaram com o Soares e não procuraram ouvir a sua sábia opinião.
No entanto, sabia colocar de lado as questões partidárias e dar primazia a Leça da Palmeira. Por esse facto era reconhecido por muitos leceiros, principalmente por aqueles que têm dificuldades em se movimentar, pelos que não sabem a quem e onde se dirigir nos momentos de aflição. Nos momentos críticos, procuravam o Soares ou então, muitas vezes, era o próprio Soares quem os procurava, pois estava atento ao que se passava em Leça da Palmeira e em como as diversas situações afetavam a vida das pessoas. Por isso não estranha que sendo de um partido político opositor ao executivo da Junta de Freguesia, tenha sido, por esse mesmo executivo, convidado para zelador de Leça da Palmeira.
É difícil imaginar as sessões da Assembleia de Freguesia sem as intervenções do Soares, seja como autarca, seja como membro do público. Fosse qual fosse o seu lugar, nunca prescindia do seu direito de apresentar as situações que considerava pertinentes. Mas desenganem-se os que pensam que o fazia para «dar nas vistas» ou por questões partidárias. Primeiro, apresentava-as na Junta de Freguesia, onde era presença quase diária e só depois, se a situação se mantivesse, é que a denunciava em público. A sua preocupação não era ser conhecido, mas sim que as situações se revolvessem.
[h2]Acérrimo defensor do Leça FC[/h2]Nas Assembleias Gerais do Leça Futebol Clube era igual. Sempre atento, participativo, com uma opinião crítica, mas sempre tendo em vista os superiores interesses do clube. Não se interessava pelas questões pessoais, mas sim pelo interesse do clube. Um defensor acérrimo do Leça Futebol Clube.
Leça fica a perder com a partida do Soares. Eu também.
O Soares foi um dos meus mentores nos assuntos políticos. Foi com ele que aprendi muito sobre Leça da Palmeira, sobre as ruas, as ruelas, os becos. Mas também foi com ele que percebi definitivamente que lutar pelo melhor para a nossa cidade é lutar pelas pessoas. O Soares ensinou-me a ver o que se passava em Leça, a escutar as pessoas, mas também a procurar o porquê das coisas e, sobretudo, a lutar, a apresentar ideias para que a nossa cidade fique melhor.
Claro que não foi o único com quem aprendi. Não posso deixar de destacar que tive e tenho a sorte de privar com alguns dos homens que mais marcaram o presente e, consequentemente, o futuro de Leça da Palmeira, independentemente do partido político a que pertencem ou pertenciam. Alguns ainda estão entre nós e continuam a dar-me esse privilégio. Outros, infelizmente, já nos deixaram, alguns recentemente.
Por isso a minha homenagem ao Soares e a todos aqueles que souberam defender o nome de Leça da Palmeira e o puseram á frente de tudo. Como alguém disse um dia: “… Um homem só morre de verdade quando ninguém se lembra mais dele…”
Bem hajam e até sempre.
Até à próxima semana.
Saudações leceiras
Joaquim Monteiro
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