
Exposição Fotográfica: “Nelayan: Vontade em Trânsito”
“Nelayan: Vontade em Trânsito” retrata comunidade de pescadores indonésios que marca a paisagem humana das Caxinas, Vila do Conde
Exposição do fotojornalista Eduardo Martins, que inaugura a 11 de Fevereiro no Mira Forum, no Porto, transpõe para fotografia a vivência dos pescadores indonésios que se fixaram nas Caxinas, em Vila do Conde. Contratados para suprir a falta de mão-de-obra do sector, são cerca de meio milhar e representam mais de 50% da força de trabalho da comunidade piscatória com maior expressão em Portugal. Sem eles, as embarcações ficariam por terra.
Em Indonésio, Nelayan significa Pescador e remete para uma vida feita de esforço e vontade. É essa a condição do meio milhar de pescadores indonésios a residir nas Caxinas, Vila do Conde, que o fotojornalista Eduardo Martins se propõe retratar na exposição que abre portas a 11 de Fevereiro 16h00, no Mira Forum, Porto, onde fica patente até 25 de Março. A mostra desdobra-se até ao Mercado das Caxinas, onde a 25 de Fevereiro abre outra exposição num registo mais pessoal.
“Nelayan: Vontade em Trânsito” reclama um olhar contemporâneo sobre a paisagem humana de Caxinas, em Vila do Conde, onde está instalada a comunidade piscatória com maior expressão em Portugal. Visa, assim, contribuir para uma actualização dos documentos visuais do lugar e dos novos ´actores` que o habitam, enquadrando-os naquilo que é um fenómeno transnacional.
À semelhança de outros pontos do globo, a realidade de Caxinas é definida pela migração paralela: os pescadores locais saem para o estrangeiro e migrantes, oriundos na sua quase totalidade da Indonésia, maioritariamente de Java, parcela do território com altos níveis de desemprego, são contratados para suprir a falta de mão-de-obra, também acentuada pelo desinteresse das novas gerações pela actividade.
Este movimento resulta das condições económicas inerentes à actividade, pautada por um imperativo de redução de custos e baixos salários. Nos últimos anos, os armadores de Vila do Conde têm recorrido de um modo significativo à contratação de pescadores indonésios para manter a frota de pesca artesanal da região. Sem eles, uma comunidade minoritária, metade da frota de barcos de pesca artesanal deixaria de operar.
Actualmente, pelo menos 500 pescadores da Indonésia estão sediados em Vila Conde e representam mais de 50% da força de trabalho deste sector. Movidos pelo sonho de proporcionar melhores condições de vida às suas famílias, são também eles os novos agentes da transformação económica e social desta paisagem, cujo imaginário se encontra ainda muito associado à literatura e criação audiovisual do passado.
Neyalan, apesar de ser um substantivo, define sobretudo uma acção, a de viver o presente como prólogo do futuro.