Exposição: “O Porto em Miniaturas” no Ateneu Comercial
Ateneu do Porto exibe até janeiro réplicas miniaturizadas de 17 monumentos do melhor destino turístico de cidade do mundo. Coleção espelha a dedicação de um ourives joalheiro à “Invicta”
O Ateneu Comercial do Porto prolongou a exposição “O Porto em Miniaturas”, que exibe até final de fevereiro próximo réplicas miniaturizadas de 17 monumentos emblemáticos do melhor destino turístico de cidade do mundo. A coleção espelha a dedicação do ourives joalheiro Licínio Sousa à “Invicta”.
A Estação de São Bento, a Torre dos Clérigos, o Palácio da Bolsa, a Feitoria Inglesa, a Ribeira e das pontes, os Paços de Concelho, a Livraria Lello, o Café Majestic, o Marégrafo da Foz do Douro e até os pitorescos Sanitários do Passeio Alegre são alguns dos conjuntos expostos. Vistos pelo olhar criativo e pela minúcia manual de um só homem, que depois de se ter feito ourives joalheiro ao longo de uma vida, escolheu as duas décadas finais dela para espelhar dedicação a uma outra arte e à sua terra.
Licínio Sousa, que já não se encontra entre nós, começou o hobby pela sua Foz natal e depressa passou para os principais monumentos portuenses, não se ficando pela mera reprodução do aspeto exterior dos edifícios. “Em muitos casos, as maquetes incluem curiosíssimos pormenores interiores – a escadaria da Livraria Lello, a Sala da Sessões da Câmara do Porto, o hall da Estação de São Bento ou o Salão Árabe do Palácio da Bolsa –, dotados de iluminação e, por vezes, até animados mecanicamente”, nota Manuel de Sousa, que será cicerone nalgumas visitas guiadas nesta exposição do Ateneu Comercial do Porto.
Os bilhetes da exposição no Ateneu Comercial do Porto, que pode ser vista de segunda-feira a sábado, das 10h00 às 13h00 e das 14h30 às 18h00, têm o preço de 5€ e podem ser adquiridos online, no website da instituição.
Licínio Rocha de Sousa
Licínio Rocha de Sousa nasceu na Foz do Douro em 1934. Foi o terceiro de quatro filhos de um ourives e de uma dona de casa. Numa época difícil, salienta Manuel de Sousa, cedo seguiu os passos do pai e ingressou como aprendiz numa ourivesaria da Baixa do Porto. Rapidamente singrou na profissão, demonstrando uma destreza raras, que o transformou em ourives joalheiro.
“Este homem, cujo grau académico era apenas a quarta classe, aos 15 anos de idade já era oficial de primeira ordem na arte da ourivesaria. E aos setenta começou a construir miniaturas de edifícios históricos do Porto, deixando-nos um património rico na arte do bem trabalhar. Além das ferramentas que utilizava nas oficinas de ourivesaria, o Licínio teve de comprar e aprender a utilizar ferramentas com as quais construiu as peças que vão ter oportunidade de apreciar. São miniaturas feitas com carinho, arte e paciência, autênticos puzzles que demoravam muitos meses de longo e árduo trabalho”, evoca Inácio Sousa, seu amigo de longa data.
Licínio, pai, já não se encontra entre nós, mas, enfatiza o amigo Inácio, “de certeza que muito gostaria de apresentar as peças que construiu e que adorava”. E seguramente muitos de nós de o ouvir. Na falta, fica o espólio. E as memórias.
Ateneu Comercial do Porto, Rua de Passos Manuel, n.º 44 – Porto