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Hoje terminaremos a nossa viagem pelas capelas de Leça (património religioso). Na próxima semana falaremos da igreja matriz. Depois, apresentarei o percurso pedestre, aproveitando o tão esperado final do inverno e a aproximação da primavera.
Na semana passada tínhamos terminado a nossa viagem na capela de S. Clemente das Penhas, vulgo, capela da Boa Nova. Esta semana viajaremos para o norte e interior de Leça da Palmeira.
A norte temos a capela do Monte Espinho. Anteriormente escrevi uma ou duas crónicas a respeito desta comunidade. Foi uma das mais ativas em Leça e continua a sê-lo, apesar do envelhecimento que se verifica nos frequentadores da capela.
A ideia da construção da capela surgiu como resposta às necessidades da população do bairro, situado a cerca de 3 km da igreja matriz. O bairro, com origens nos finais dos anos 60 e inícios dos anos 70 do século passado, é o resultado da fixação de muitas pessoas oriundas do interior do país, habituadas a um certo ritmo na prática religiosa e que os pretendem manter.

Apoiados pelo pároco, não descansaram enquanto não arranjaram um terreno e, mais tarde, com a ajuda de industriais e comerciantes, arranjaram os materiais e o dinheiro necessário á construção de uma capela inaugurada em maio de 1984, dedicada a Nossa Senhora de Fátima. É caso para utilizar o famoso chavão «o homem sonha e a obra nasce».
Descendo para sul, sempre pela parte mais oriental de Leça, desembocamos na Quinta da Conceição. Aí, encontramos a capela de S. Francisco.
Esta capela é antiga, mas viu a sua frontaria restaurada, entre 1743 e 1747, por Nicolau Nasoni, o arquiteto responsável pela famosa Torre dos Clérigos no Porto. Durante muito tempo pensou-se que a capela pertenceria à igreja do Convento da Nossa Senhora da Conceição, mas hoje pensa-se que não. Esta (a igreja) terá sido desmantelada.
Na capela podemos encontrar uma notável escultura de Cristo na cruz, com o braço direito despregado e pousado no ombro esquerdo de São Francisco. Uma outra escultura notável é a do Senhor Morto.
Seguindo para ocidente, encontramos a capela de Santa Ana (vulgarmente denominada Santana).
Embora já fosse referenciada em 1623, esta capela foi mandada demolir até aos alicerces e reedificada em 1762, pelo Dr. José dos Santos, Cónego Penitenciário na Sé de Mariana (Brasil). Seis anos depois (1768) foi reinaugurada, bem como a escadaria, com grandes festejos e uma procissão que percorreu Matosinhos e Leça.
Esta capela serviu ainda de hospital, entre junho e setembro de 1855, altura em que Leça e Matosinhos foram assoladas por uma gravíssima crise de cólera.
Nos anos 70 do século XX foi beneficiada com obras suportadas pela família dos Carvalho (a família dos detentores da extinta FACAR).
A respeito da escadaria e de toda a envolvente à capela, não resisto a aconselhar a leitura a descrição que dela faz Camilo Castelo Branco na sua obra «Duas horas de leitura».
Até à próxima semana.
Saudações leceiras
Joaquim Monteiro
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