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Hoje proponho-me continuar o périplo pelas capelas, traçando o caminho do que será o percurso pedestre para Leça da Palmeira, que apresentarei em meados do próximo mês de março, antecipando a entrada da primavera e, espero eu, a chegada do bom tempo, convidativo a caminhadas pelas lindíssimas ruas de Leça.
Continuando então o percurso pelo património religioso, passemos à Capela do Ruas, sede da comunidade franciscana em Leça da Palmeira, também denominada Capela do Coração de Jesus.
Esta capela foi mandada construir em 1876, por João Baptista Ruas, junto da sua residência e franqueada ao público. Desde cedo as gentes da zona do forte da Nossa Senhora das Neves (mais conhecido por castelo) e das ruas circundantes adotaram o hábito de cumprirem os seus compromissos religiosos nesta capela, que fica bem mais perto de suas casas do que a igreja matriz.
Quando morre, o seu fundador deixa-a em legado à Diocese do Porto e esta entrega-a `ordem franciscana. Em 1932 sofre obras de ampliação, ficando uma bela «igrejinha» com 3 naves.
Continuando a nossa viagem, e descendo para mais perto do mar, ainda na zona do castelo, aparece-nos a Capela de Santa Catarina.
Sendo verdade que foi mandada construir por Constança Rodrigues de Almeida e Sá, esposa de João Gonçalves Zarco, um dos descobridores da Madeira, esta capela será do século XV, contando então com mais de 500 anos. Em 1772 foi proibido o culto nesta capela, para que sofresse obras de fundo, tendo sido praticamente reedificada. Como o mar chegava amiúde à capela, foi construído um adro murado, de forma a dar algum aconchego à capela. Dentro, duas imagens de destacam, a de Santa Catarina do Monte Sinai e a da Senhora da Boa Viagem.
Subindo a marginal sempre junto ao mar, vamos encontrar a terceira capela deste nosso percurso: a Capela da Boa Nova ou de São Clemente das Penhas.
Esta capela é um testemunho da presença da ordem de S. Francisco em plena Idade Média (1392, séc. XIV). Segundo os relatos da época, esta zona seria a mais agreste, ventosa e estéril que se podia imaginar. Nem água os monges teriam para beber, senão de uma fonte que ficava longe. Além disso, do lado virado ao mar, a paisagem não passava de penhascos (e talvez saí o nome de S. Clemente das Penhas) e, muitas vezes, as ondas furiosas passavam os penhascos e alagavam a casa.
Se é verdade que a paisagem era excelente para a penitência e contemplação, não é menos verdade que para uma ordem que pregava a pobreza, a dureza do espaço não era obstáculo. Desde cedo que estes monges trabalhavam a pedra e a madeira, como se comprovou com as ferramentas que constavam dos seus inventários: enxadas, martelos, enxós, machados.
Esta comunidade manteve-se neste local durante cerca de um século, mudando-se em 1475 para o Convento da Nossa Senhora da Conceição, na atual Quinta da Conceição.
Até à próxima semana.
Saudações leceiras
Joaquim Monteiro
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