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Os jogos eletrónicos, ou e-Sports como agora são conhecidos, há tempos deixaram de ser uma simples diversão e estão a crescer de maneira impressionante no Brasil, atraindo cada vez mais adeptos e movimentando cada vez mais dinheiro. O segmento está se profissionalizando a cada ano e é cada vez maior o número de jovens que procuram se tornar ciberatletas. Mas por que os jogos eletrónicos são um sucesso tão grande no Brasil?
Uma possível explicação é o interesse dos tradicionais clubes do futebol brasileiro no esporte. Tanto o Flamengo como o Corinthians, os dois maiores clubes do país, criaram as suas próprias equipas de e-Sports para competir nacional e internacionalmente.
A estrutura do esporte é outro tema importante na hora de atrair novos talentos. Hoje em dia, os jogos eletrónicos são o segundo desporto com mais estrutura no país, perdendo somente para o futebol. O nível de organização e de receita também já começa a refletir no salários dos ciberatletas – que podem chegar a R$ 30 mil – e, em breve, o esporte deve competir com o futebol também nas quantias negociadas com os jogadores.
Segundo a Associação Brasileira de Clubes de e-Sports (ABCDE), as transmissões dos torneios de e-Sports já ultrapassam os eventos de outros desportos, como o vólei, por exemplo. Canais de cabo como a ESPN e o SporTV já transmitem algumas competições e têm programas voltados exclusivamente para o assunto. A própria Globo, a maior emissora de TV do país, já entendeu a importância do assunto e tem um programa dedicado aos videogames na sua grelha.
O grande público da modalidade também é decisivo na hora de manter e desenvolver novos talentos do esporte. O número de entusiastas dos e-Sports já é maior que a “torcida” do São Paulo Futebol Clube, o terceiro clube nacional em número de torcedores. Uma pesquisa realizada pela Newzoo registrou um crescimento de 20% na audiência dos jogos eletrónicos no último ano e entrou em 2019 com mais de 21 milhões de fãs. Desse número, 12 milhões podem ser considerados fãs ocasionais e os outros 9,2 milhões são considerados entusiastas que acompanham regularmente os torneios de jogos eletrónicos. Esses números colocam o Brasil como a terceira maior torcida do mundo, ficando atrás apenas de EUA e China.
Ainda que os torneios existam desde os anos 70, não há legislação sobre os jogos eletrónicos no Brasil. Na Coreia do Sul, por exemplo, onde toda a cultura dos e-Sports teve início, a modalidade é reconhecida oficialmente desde os anos 2000. Apesar de ainda não serem reconhecidos pelo Estado brasileiro, existem atualmente dois projetos de lei em apreciação no Congresso nacional para transformar os e-Sports num desporto tradicional, como o futebol e o vólei.
Por outro lado, o Presidente Jair Bolsonaro prometeu tentar implementar um plano de redução de impostos para videojogos e jogos eletrónicos a pedido da comunidade de gamers. Segundo a promessa do Presidente, a proposta será analisada pelo Ministro da Economia, Paulo Guedes.
A medida ajudaria equipas e jogadores iniciantes, já que os preços das consolas poderá baixar consideravelmente, abrindo espaço para que os atletas possam fazer outros tipos de investimentos, como comprar um monitor com HDMI para treinar ou viajar para participar nas demais competições locais e internacionais.
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