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Um grupo de pais de alunos do 3.º ano da Escola Básica da Praia, em Leça da Palmeira, pediu hoje uma “solução urgente” para a “constante substituição de professores” na turma que, em três anos, já teve sete docentes.
Ao longo destes três anos, os 24 alunos desta turma já tiveram sete professores, na sequência de sucessivas substituições devido a pedidos de baixas médicas por parte dos mesmos, contou à Lusa a mãe de um aluno Célia Machado, concentrada à porta deste estabelecimento de ensino.
No 1.º ano, a professora titular ficou de baixa e, depois de meses sem ser substituída, veio uma nova e, a seguir a esta, uma outra, referiu.
“Só no primeiro ano, foram três professores que os meninos tiveram“, afirmou.
No 2.º ano a situação repetiu-se com a docente titular a colocar atestado médico, o que levou os alunos a serem acompanhados por uma professora de coadjuvação, salientou.
Atualmente, e estando estes agora no 3.º ano, aconteceu novamente o mesmo, contou.
Falando numa situação “desesperante“, Célia Machado revelou que há crianças que ainda não sabem ler, nem fazer contas, competências que já deveriam ter adquirido.
A Escola Básica da Praia, em Leça da Palmeira, Matosinhos, tem cinco turmas, nomeadamente uma do pré-escolar e as restantes do 1.º, 2.º e 3.º e 4.º anos.
Célia Machado comentou ainda que há crianças a terem explicações e que este “constante entra e sai de professores” lhes vai deixar “danos irremediáveis”.
Por tudo isto, os pais pedem “soluções radicais para situações dramáticas como estas”, nomeadamente “uma medida excecional” para resolver a situação.
Dizendo estar em causa o “superior interesse das crianças”, Mário Maganinho, pai de um aluno, revelou que existem seis crianças a ter acompanhamento psicológico, fruto desta situação.
Durante os períodos em que estão sem professora, aguardando que a mesma seja substituída, os alunos são acompanhados por auxiliares de educação que, apesar de se esforçarem, nem têm as competências de um professor, sublinhou.
Neste momento, e estando as crianças sem professora, nem mesmo de coadjuvação, as únicas disciplinas que têm é inglês e educação física, integradas nas Atividades de Enriquecimento Curricular (AEC), frisou.
Já Paulo Sampaio, pai de uma aluna com dislexia, comentou à Lusa que a filha tem explicações particulares desde o 1.º ano, ou seja, desde os seis anos, algo que considera “lamentável”.
“Há alunos desta turma [3.º ano] que estão ao nível de alunos de um 2.º ano, o que é frustrante”, ressalvou.
Igualmente indignada estava Sofia Morango que, desde o primeiro ano, vê a filha ter acompanhamento psicológico “em resultado de tudo isto”, revelou.
Questionados sobre o porquê de não mudarem os filhos de escola, os pais são unânimes em dizer que a mesma fica na sua área de residência e que transferi-los lhes traria implicações psicológicas porque, certamente, não estariam ao nível dos alunos das turmas onde fossem colocados.
A Lusa contactou o Ministério da Educação e o Agrupamento de Escolas Eng.º Fernando Pinto de Oliveira, mas não obteve qualquer resposta até agora.
LUSA