O Monte Espinho

Lugar de Monte Espinho
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Joaquim MonteiroUma grande parte dos leceiros não conhece o Monte Espinho embora ouça falar muito neste lugar. Outra grande parte associa de imediato o Monte Espinho ao bairro social, o que é errado.

O Monte Espinho existe há muitos anos, parte resulta do antigo Bairro dos Guarda-Fiscais e outra parte da ocupação urbana dos terrenos traseiros à Bataria (Quartel).

Ainda me lembro da enorme distância que tinha de atravessar, entre mato, para chegar a casa, depois de sair da rua Óscar da Silva. Ainda me lembro de acompanhar os caçadores que pululavam estas bouças à caça das rolas. Ainda me lembro do medo que sentia ao ir ter com o meu irmão ao pavilhão do Leça (Pavilhão Custódio Antunes) quando ele jogava andebol pela FACAR, pois tinha de atravessar uma parte de mato cerrado.

As casas eram todas clandestinas, mas todas registadas na Conservatória do Registo Predial, pagando, por isso, o respetivo IMI (antigamente denominava-se a contribuição).

As ruas foram sendo pavimentadas e repavimentadas às custas dos moradores e foram eles que foram cedendo terrenos para o alargamento das mesmas.

As casas tinham todas uma «caseta» para guardar a bicicleta, a motorizada, as sacholas e outras pequenas alfaias agrícolas.

Entretanto o quartel desapareceu, construíram-se dois bairros sociais, as «casetas» transformaram-se em garagens, as ruas foram arranjadas (com paralelepípedos ou com alcatrão) e eletrificadas .

MAS A GRANDE MAIORIA DAS CASAS CONTINUAM A SER CLANDESTINAS. Apesar da lei dizer que não pode haver construções clandestinas e as chamadas AUGI (Áreas Urbanas de Génese Ilegal) terem de ser todas legalizadas. E AS PESSOAS CONTINUAM A PAGAR O IMI, COM AS BRUTAIS ATUALIZAÇÕES RECENTEMENTE EFETUADAS. 

AS RUAS CONTINUAM A TER ORDENAÇÕES DE TRÂNSITO NO MÍNIMO ESQUISITAS, sem passeios, com sinalização inadequada, com fraca iluminação e a acabar em becos, tornando-se ruas sem saída.

São milhares as pessoas que habitam o Monte Espinho hoje em dia e  que não  beneficiam de serviços públicos adequados. Jardim infantis não existem, escolas também não (apesar das promessas), transportes públicos nem pensar (apenas na Rua Óscar da Silva e aqueles que têm pressa de chegar a outros destinos, como referi em artigo anterior).

Os nossos políticos prometem muito para o Monte Espinho e nada fazem. Prometeram a escola, a piscina coberta, o parque infantil, a legalização de todas as casas.

Esquecem-se que mais de metade do Monte Espinho ainda não está urbanizado, que é possível ordenar todo o bairro com a criação de vias estruturantes, que é urgente ouvir os habitantes e dar-lhes condições para a legalização das suas casas.

As pessoas já deram provas do seu valor. Agruparam-se e criaram uma capela. Uniram-se e construíram um «salão» para atividades comunitárias.

Aos políticos pede-se que ouçam as pessoas do Monte Espinho.

Há tanto para fazer no Monte Espinho e muito que se pode fazer mesmo numa altura de austeridade. BASTA QUERER.

Até à próxima semana.

Saudações leceiras

Joaquim Monteiro

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