Início do ano letivo, stress dos pais

Escola do Corpo Santo
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Joaquim MonteiroEsta semana teve início mais um ano letivo. Uma semana mais tarde, com o aval generalizado das escolas e com a contestação de grande parte das associações de pais.
Ainda me lembro do meu tempo de estudante em que as aulas começavam em outubro e acabavam em junho. Mas sei que os tempos são outros e que os pais têm dificuldade em estar com os filhos e, por isso, precisam que a Escola funcione durante mais meses e mais horas diariamente.

Antigamente, o normal era que apenas um dos elementos do casal trabalhasse (quase sempre o pai) e que o outro ficasse em casa a «tomar conta dos filhos». Hoje em dia tal é quase impensável e a sorte de muitos casais são os avós das crianças. Na educação pré-escolar e no primeiro ciclo, os docentes normalmente têm os pais nas reuniões de início de ano e de cada período e os avós diariamente durante a época escolar. Bem podem sentir-se abençoados os casais cujas crianças têm os avós perto para os ir levar e buscar diariamente, muitas vezes quatro vezes por dia.

Este é desde logo o primeiro motivo de stress para os pais. Mas há muitos mais.

As despesas elevadas com o material escolar e, principalmente, com os manuais são outra «dor de cabeça» para os pais. Mochila, lápis, borracha, caneta, estojo, régua, cadernos, transferidor, compasso, etc., etc., etc.. Depois o livro de português, matemática, estudo do meio, isto para o primeiro ciclo, pois para os restantes ciclos lá vêm os manuais de português, inglês, história, matemática, geografia, ciências naturais, física-química, francês (ou espanhol, ou alemão), educação física, educação musical,…

Outro fator de stress é a segurança. Estive mais de 12 anos nos órgãos sociais de uma associação de pais e sei que um dos assuntos que vem muitas vezes a debate é a questão da segurança.

Abro aqui um parêntesis para alertar para o facto de, infelizmente, não serem muitos os pais que participam nas reuniões das associações de pais, apesar destas terem reuniões mensais e de desempenharem um papel muito ativo nos órgãos escolares onde têm assento.

Voltando à questão da segurança, nas reuniões da associação de pais um dos assuntos que mais preocupava, e preocupa os pais, é a segurança. Lembro-me de autênticos debates com alguns pais sobre o fechar ou abrir os portões, sobre o controlo das entradas e saídas das escolas, sobre o trânsito e o estacionamento junto às escolas.

Compreendo este stress parental mas considero-o um pouco exagerado. As crianças devem ser educadas para serem autónomas e os pais não têm de controlar tudo. Os pais têm de saber proteger os filhos a uma certa distância e têm de ter consciência de que não os podem «levar ao colo» sempre ao longo da vida. Desaires, sustos, quedas, brigas com colegas, …. Há um sem número de situações que acontecem aos nossos filhos nas escolas e que nós, pais, não podemos controlar e temos de ser capazes de os rentabilizar para a educação dos nossos filhos.

A propósito disto deixo aqui um dado que ouvi esta semana na comunicação social. Num programa da Antena 1, dizia um psicólogo que Portugal é o quarto país mais seguro do mundo, segundo dados duma organização internacional. Acrescentava, ainda, que não percebia porque os pais portugueses se comportavam como se as crianças vivessem em perigo permanente. Não posso apresentar aqui todos os argumentos e exemplos apresentados, mas na generalidade, concordo com as posições defendidas neste programa.

Para finalizar, uma palavra de apreço à forma serena e eficaz como o ano letivo começou nas escolas de Leça da Palmeira.

Até à próxima semana.

Saudações leceiras

Joaquim Monteiro


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2 Comentários

  • Deixo um comentário que nada tem a ver com a notícia, mas a imagem da escola do Corpo Santo, fez-me recuar nos tempos e vi-me no dia 7 de outubro de 1957 a entrar pela 1ª. vez nessa escola, que frequentei até junho de 1961. Saudades do tempo de criança.

  • Infelizmente nem tudo corre bem , pois há turmas sem professor neste momento, no agrupamento de Leça da Palmeira.

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