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Nos últimos dias temos sido «bombardeados» por inúmeras notícias referentes às praias do concelho de Matosinhos, nomeadamente no que concerne ao comunicado da Câmara Municipal de Matosinhos desaconselhando a utilização das mesmas até março de 2017.
Considerando as obras de alargamento da ETAR de Leça da Palmeira e a complexidade que uma obra desta envergadura acarreta, não é de estranhar que interfira com a qualidade das águas envolventes.
O expectável, é que as entidades competentes tenham efetuado os estudos necessários de forma a analisar todas as alternativas possíveis. Assim e até prova em contrário, devemos considerar que não existia alternativa e que é mesmo necessário efetuar as obras nestas condições, com o risco de reflexo na qualidade das águas das praias do concelho.
Igualmente expectável era que a Câmara Municipal de Matosinhos tivesse reunido atempadamente com todos os possíveis afetados pela recomendação. Não podemos esquecer que existem pessoas que vivem do mar e da sua exploração. Matosinhos foi, é e sempre será um concelho com atividades económicas ligadas ao mar. A subsistência de dezenas de famílias depende do mar e das suas condições. E não me estou a referir apenas aos pescadores. Em Matosinhos temos mais de uma dezena de escolas de surf que dependem diretamente da qualidade das águas.
Contudo parece que tal não aconteceu. Os pescadores de Angeiras já vieram a terreiro alertando para o facto de não terem sido informados. O que é grave.
Este «descuido» da Câmara Municipal de Matosinhos relativamente aos pescadores de Angeiras faz com que, com toda a legitimidade, nos interroguemos se não terá acontecido o mesmo com outras entidades. Mandar divulgar um anúncio desaconselhando a utilização balnear e recreativa das águas das praias do concelho não é suficiente. É necessário dar tempo para que as entidades se possam adaptar, estudar alternativas e reduzir os impactos económicos. Perante o caso dos pescadores de Angeiras podemos questionar-nos sobre se tal terá sido feito?
Não chega dizer-se que as praias de Matosinhos são das melhores do mundo para a iniciação e para a prática do surf. É urgente criar as condições necessárias para que Matosinhos possa ser uma referência nacional e mesmo internacional no que ao surf diz respeito.
E não podemos esquecer que não são só os que vivem do mar que são afetados. Também os que praticam desporto nas marginais e depois gostam de dar uns banhos são prejudicados por esta situação. Tal como as famílias que gostam de passear á beira-mar e «molhar os pés» na água do mar.
Acresce que estamos a falar de um período de tempo muito grande. A recomendação vai até março, o que dá quase meio ano. E isto se não acontecer o que normalmente acontece nas obras em Portugal, atrasos.
Até à próxima semana.
Saudações leceiras
Joaquim Monteiro
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