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Não deve haver leceiro, pelo menos com mais de 35 anos, que não tenha nas suas recordações de ouro, pelo menos, um momento vivido na Quinta da Conceição.
Inicialmente Quinta da Granja, a designação de Quinta da Conceição remonta à chegada dos frades franciscanos nos finais do século XV, em 1481, com a criação do Convento de Nossa Senhora da Conceição da Ordem de S. Francisco. Eram os frades que vinham do Oratório de S. Clemente das Penhas, do qual atualmente resta a vulgarmente denominada Capela da Boa Nova.
Rezam as histórias que era um convento muito bonito e que até o rei de Portugal, D. João II, quando vinha ao Porto, gostava de vir passear nos seus jardins.
No século XIX, após as revoluções liberais e com o decreto de extinção das ordens religiosas, em 1834, os frades abandonaram o convento e este foi vendido em haste pública, em 1837.
Aos poucos o vasto património do convento foi desaparecendo e, atualmente, já restam poucos vestígios. No entanto, ainda podemos contemplar e usufruir do claustro do convento, de alguns chafarizes monumentais e da capela de S. Francisco, embora esta se encontre quase sempre encerrada. Igualmente merecedoras de destaque são algumas imagens escultóricas que chamam a atenção pelo seu tamanho e realismo.
Contudo, do ponto de vista arquitetónico, talvez o elemento mais atrativo seja o pórtico manuelino. Inicialmente fazia parte da igreja do convento, foi transferido para uma quinta particular em Gaia e, posteriormente foi devolvido ao seu local de origem. Muitas vezes tapado pela vegetação, mas agora felizmente devidamente limpo, este pórtico foi um dos locais de eleição para as fotos de muitos casais recém-casados.
Em meados do século XX a Câmara Municipal de Matosinhos decide requalificar este espaço e transformá-lo num parque público. Para tal adquiriu-o à APDL, pois estava na posse desta instituição para a construção da doca n.º2 do Porto de Leixões. Na década de 60 do século XX são introduzidos novos equipamentos, como o campo de ténis e respetiva cobertura, projetados pelo arquiteto Fernando Távora e a piscina, da autoria do arquiteto Siza Vieira.
No entanto, nós leceiros não nos esquecemos do lago dos patos, do campo de mini-golfe e do circuito de manutenção, entretanto desaparecidos, mas que foram espaços fundamentais no nosso crescimento.
Ir à Quinta da Conceição em família, mais tarde com os amigos e depois com os namorados/as namoradas, são momentos que muitos dos leceiros têm e que nunca irão esquecer.
Esperemos que os nossos dirigentes autárquicos tenham a capacidade de fazer renascer a Quinta da Conceição pois esta merece continuar a ser um símbolo para as futuras gerações.
VÍDEO DA QUINTA DA CONCEIÇÃO:
Joaquim Monteiro
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