Obrigado, Padre Lemos

Padre Lemos
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joaquim_monteiroObrigado.

Esta é a palavra que me ocorre quando penso na partida para a eternidade do padre Lemos.

Tinha eu, 11 ou 12 anos quando chegou um pároco novo a Leça da Palmeira. A curiosidade era imensa, tal como aos restantes paroquianos, habituados ao padre Alcino. A fasquia estava alta.

Curiosamente começamos mal. Estava eu a iniciar-me como catequista e logo na entrada o novo pároco convocou uma reunião geral de catequistas. Eu, pequenino, lá me apresentei e, como sempre, cheguei um pouco adiantado. Lá estava ele, olhou para mim e disse: «Esta reunião não é para os meninos da catequese, é para os catequistas.» A medo, eu lá disse: «Mas eu sou catequista.»

Engraçado que nunca esqueci este episódio. O Padre Lemos também. Durante os 35 anos em que privamos, a todo o momento relembrávamos o nosso primeiro encontro. Riamos, brincávamos e aceitávamos o facto como sendo o início de uma amizade.

Se sou catequista há 37 anos, grande parte do mérito é do padre Lemos. Foi o meu confessor, o meu guia, o meu farol, a minha fonte inspiradora nos momentos mais importantes da minha vida. Foi ele que incentivou para ser crismado, que me casou, que batizou os meus filhos, que me convidou para ministro da comunhão e para leitor.

Relembro já com saudade as nossas conversas na sacristia, antes e depois da missa das 16.30, em que falávamos de arte, de cultura, dos livros que liamos. Foi ele que fez despertar em mim a vontade incontrolável de visitar a catedral de Leon, em Espanha, de ir a Lourdes, em França, de passar por Ávila a caminho de Madrid.

O padre Lemos era um homem culto, sabia conversar sobre qualquer assunto e tinha sempre tempo para nos ouvir.

Como eu, devem ser numerosos os paroquianos que estão agradecidos ao padre Lemos. Não é todos os dias que nos cruzamos com um pároco que se dedica a uma freguesia como ele fez com Leça da Palmeira.

Foram vários os anos em que prescindiu das férias para garantir que, mesmo nos meses de verão, os leceiros não ficassem sem a celebração da eucaristia.

Mesmo com os primeiros sinais da doença, quando era mais fácil pedir a reforma e gozar a terceira idade no descanso da sua quinta no Marco de Canavezes, optou por ficar em Leça, ao serviço dos leceiros, até garantir que para Leça viesse um pároco e não fossemos uma freguesia agregada.

O jornal paroquiano, “A voz de Leça” não foi uma criação sua, mas recebeu-o como seu e dedicou-lhe uma paixão tão grande que o fez sobreviver até aos nossos dias, apesar das dificuldades que assolam os meios de comunicação escrita.

A Obra do padre Grilo e o Stella Maris são outros exemplos da dedicação do padre Lemos à comunidade e a Deus.

Por tudo quanto representou para Leça, pelos 35 anos de dedicação, por tudo quanto me deu, OBRIGADO PADRE LEMOS E BEM HAJA JUNTO DE DEUS.


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