Património Religioso de Leça da Palmeira – Igreja Matriz (IV)

Igreja Matriz Leça Palmeira
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A atual igreja de Leça da Palmeira data do século XVII, apesar de ter sofrido diversas alterações ao longo do tempo, é um templo de três naves, sem um estilo arquitetónico definido, mas com tendências maneiristas (estilo arquitetónico posterior ao renascimento e anterior ao barroco, que em Portugal se desenvolveu maioritariamente no século XVII). Na sua fachada destacam-se as duas torres sineiras e o frontão triangular clássico.

Supõe-se que no local da atual igreja terá existido um templo, de pequenas dimensões, do estilo românico, com um traçado muito parecido com o da igreja românica de Cedofeita e que seria conhecida pelo nome de «Igreja de S. Miguel de Moroça.»

A construção da atual igreja foi efetuada em diversas fases, existindo referencias, em 1570, à construção da capela-mor, com o teto apainelado e ao corpo da igreja, com duas naves laterais e uma central, mais alta, com as dimensões aproximadas às que mantêm na atualidade.

Em 1648 a capela-mor e o frontispício foram revestidos com azulejos tricolores.

Em 1681 foi construída a capela, dedicada na altura a S. José e hoje denominada de Capela do Sagrado Coração de Jesus. Relativamente a esta capela há uma história curiosa, que o padre Lemos gostava de contar às crianças das escolas e/ou da catequese, aquando das visitas guiadas à igreja e que muito lhes agradava. A capela foi mandada construir pelo abade Manuel de Oliveira, para sua capela mortuária e dos seus descentes e, no tempo do abade Mondego, ao ser aberta a cripta, ter-se-á encontrado um esqueleto na posição de sentado. Há alguns anos, já no tempo do padre Lemos, os ossos de referido esqueleto foram depositados no esquifo respetivo.

Em 1735 foram registadas novas obras e, entre 1735 e 1737 foi construída a capela do Senhor dos Passos, a mando da respetiva confraria.

Entre 1770 e 1778 foi ampliada a capela-mor e, em 1812 foi melhorada a torre sineira.

Em 1873 foi efetuada a grande reforma mandada fazer por João Pinto de Araújo e entre 1903 e 1931 foi acrescentado um salão a nascente da sacristia velha.

No tempo do padre Alcino, entre 1945 e 1970 foram efetuadas novas obras. Nos últimos anos, no tempo do padre Lemos, foram efetuadas, igualmente, diversas obras de manutenção e de restauro.

No interior da igreja temos obrigatoriamente de destacar os retábulos em talha dourada, barrocos, que se encontram na capela-mor e na capela do Senhor dos Passos. Principalmente o da capela-mor, nada fica a dever aos grandiosos retábulos da igreja de S. Francisco, no Porto, que são considerados exemplares ao nível da talha dourada barroca.

Ainda no interior, a imagem da Nª S.ª da Conceição com o menino ao colo, em pedra Ançã, do mestre Diogo Pires, datada de 1483, por ordem do rei D. Afonso V, é referência obrigatória.
A imagem foi doada ao convento franciscano de Santa Maria da Conceição (atual Quinta da Conceição) e veio para a igreja no século XIX, após a extinção das ordens religiosas.

Hoje, a igreja de Leça é considerada uma das sete maravilhas de Leça da Palmeira, título conseguido num concurso levado a cabo pela Junta de Freguesia.

E bem merece esse título.

Terminámos assim o nosso percurso pelo património religioso de Leça da Palmeira.

Até à próxima semana.
Saudações leceiras
Joaquim Monteiro

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