Pinhais celebra a abertura da época de pesca da Sardinha

pesca da sardinha
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A campanha para 2021 iniciou-se este ano mais cedo, a 17 de maio. Este será um período de grande frenesim e entusiasmo para as colaboradas da conserveira


Sete horas da manhã, D. Emília e D. Paula da Praia, compradoras da Pinhais, conserveira centenária de Matosinhos, encontram-se já na lota, a aguardar o início do primeiro leilão do dia, daquela que é a espécie mais querida dos portugueses: a sardinha. Em todos os cantos da cidade de Matosinhos, partilha-se a mesma excitação e alvoroço, com a reabertura da época de pesca oficial da sardinha. Até 31 de julho, os pescadores de 120 barcos da frota do cerco vão poder capturar 10 mil toneladas, mais 3.700 que as inicialmente fixadas no ano passado.

“Na Pinhais, ansiamos por este dia, pela oportunidade de trabalhar com produto de qualidade, do mais fresco que há. Aguardamos um ano pela primeira sardinha portuguesa ”revela D. Paula da Praia. A conserveira inicia o dia bem cedo na lota de Matosinhos, onde participa nos leilões dos cabazes, com 22,5 Kg de sardinha cada. Segundo as colaboradoras da Pinhais, basta um olhar para uma sardinha para verificar a qualidade do cabaz: se ainda houver um brilho nos olhos e uma manchinha amarela no lombo, sabemos que é uma sardinha fresca, com gordura e é boa para se trabalhar”.

A arte desta seleção vem de há 100 anos, em que se se atirava uma sardinha para uma tábua de madeira e, se ela não saltasse, era porque não era ideal para as conservas Pinhais, pois já tinha sido pescada há muito tempo.

Preços justos para os pescadores é uma premissa de que a conserveira não prescinde

Os barcos, que saem ainda nas primeiras horas da madrugada, vão chegando ao porto, carregados de peixe fresco. Assim que atracam, os pescadores colocam o peixe em xalavares e vão retirando, à mão, aqueles espécimes que já se encontram danificados e não estão dignos de serem colocados nos cabazes. Este processo desenrola-se sob o olhar atento de um crescente número de gaivotas, que aguardam apenas uma oportunidade de provar a mais fresca sardinha do dia.

Para a conserveira Pinhais, a reabertura da época de pesca da sardinha é sinónimo de celebração. Mas também é a altura em que se inicia o período mais antecipado, de grande frenesim, entusiasmo e felicidade.

Para João Paulo Teófilo, diretor da Pinhais, o arranque da campanha mais cedo “é uma excelente notícia para toda a fileira ligada à pesca. A política precaucionaria adotada pelos governos ibéricos demonstrou claramente que é possível a proteção do recurso sem comprometer a viabilidade do setor.”

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Pesca da Sardinha

Pinhais mantém há 100 anos método artesanal de produção de conservas de sardinha

Na freguesia de Matosinhos, a Pinhais assume uma ligação muito forte à comunidade piscatória local.

“A Pinhais está fortemente convicta do seu papel na compra do cabaz da sardinha ao preço justo ao pescador. É um comentário habitual na lota de Matosinhos que, quando a Pinhais se vai embora, o preço do cabaz da sardinha baixa. É fundamental não deixar o preço do cabaz ir a preços que não permitam a saída dos barcos e nós estamos bem cientes disso”, explica João Paulo Teófilo.

No total, são mais de 40 os passos seguidos na produção das conservas Pinhais e são eles que garantem a qualidade reconhecida aos produtos da marca. Estados Unidos, Áustria e Itália são os mercados em que a conserveira está mais fortemente presente.

Após a compra, a sardinha é cortada, sendo-lhe retirada toda a tripa para evitar o amargor no processo de conservação. Seguem-se a lavagem das sardinhas nas grelhas para eliminar quaisquer impurezas que adulterem o processo de maturação e o corte dos ingredientes frescos, como a cenoura ou a malagueta. Resistindo à tentação de produzir mais e mais rapidamente, a Pinhais mantém a pré-cozedura nos fornos a vapor, a que se segue o arrefecimento, o enlatamento e a esterilização. Depois segue-se a maturação das conservas, durante o restante ano.

Para a Pinhais, agora é tempo de celebrar a sardinha de Matosinhos e com ela, a azáfama e entusiamo tão caraterísticos da época nobre de produção artesanal.



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