Transportes públicos em Matosinhos – Parte 2

Transportes Públicos Resende e STCP

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Joaquim MonteiroSei que pode parecer perseguição pois, em setembro, escrevi um artigo sobre as condições de transporte da Resende. Mas nada me move contra a empresa, o único interesse que tenho é a defesa do interesse público.

Infelizmente, passado algum tempo houve um acidente mortal com um autocarro da Resende que veio reavivar a polémica relativamente a esta empresa.

Esta semana fomos novamente alertados para uma notícia, segundo a qual o Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT)realizou uma fiscalização de 3 dias a viaturas de transporte de Matosinhos, tendo ficado 9 dos veículos com documentos apreendidos e, dos 28 veículos fiscalizados, dez serão submetidos a uma  inspeção extraordinária.

Não me surpreendem os resultados desta fiscalização. Nem à maioria dos matosinhenses que utilizam diariamente os autocarros destas empresas privadas (relembro que a fiscalização não foi só à Resende) que têm a missão de garantir o transporte das pessoas.

Ainda esta semana tivemos o exemplo de Lisboa que resolveu assumir a responsabilidade dos transportes públicos de autocarro (Carris) e que definiu que o núcleo central da ação está no serviço e não no lucro. Para esta autarquia, a forma de combater o excesso de veículos que entram na cidade está na promoção dos serviços públicos. Para tal, estes têm de ir aos locais mais escondidos da cidade, têm de ter horários em função dos interesses das pessoas e têm de esquecer o número de utentes que utilizam diariamente os transportes públicos. Têm é de focar os objetivos nos resultados. Se mais transportes existirem, se os horários estiverem coordenados com os horários das pessoas, se as linhas estiveram alinhadas com os fluxos laborais, então o número de utilizadores dos transportes públicos tenderá a aumentar.

Em Matosinhos temos vindo a assistir precisamente ao contrário. Os STCP têm abdicado de linhas que consideram pouco rentáveis em favor dos operadores privados que têm como única bitola o lucro e não o serviço público.

Não defendo o modelo instituído pela Câmara de Lisboa, pois parece-me que carece de debate público. Em primeiro lugar as populações não foram tidas nem achadas em todo este processo. Em segundo lugar, e talvez mais importante, porque esta decisão parece ter sido tomada unilateralmente, sem a devida auscultação dos municípios vizinhos.

Uma medida destas tem de ser tomada ao nível da Área Metropolitana. Não podemos esquecer que os concelhos limítrofes das grandes cidades, como Lisboa e Porto, são dormitórios, ou seja, são as pessoas destes concelhos que diariamente entram e saem das cidades. Se tiverem um bom serviço público, com preços acessíveis como Lisboa quer fazer, certamente que o farão, com maior probabilidade, nos transportes públicos e não em veículos privados.

Mas parece-me uma mais valia o principio defendido.

Até à próxima semana.

Saudações leceiras

Joaquim Monteiro


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